[Cine Pipoca Review] "Close-Knit" ("Karera ga Honki de Amu toki wa,") (2016)



Tomo é uma menina de onze anos que é neglicenciada pela mãe Hiromi. A menina acaba indo morar com o tio Makio, que divide a residência com Rinko, que trabalha em um asilo. Apesar de uma vida nada convencional (Rinko é transgênero), Tomo sente o que é viver em família, tendo alguém que realmente se importa com ela.



Quando comentaram no Twitter que o Toma Ikuta (que uma parte sabe que ele foi um dos mais jovens atores a ganhar o Blue Ribbon, prêmio máximo na categoria de artes no Japão; outra parte lembra dele como ator em doramas como "Hanazakari no Kimitachi e", "Maou" e outros; e outra parte como membro da JE, um dos poucos que somente atua, amigo chegado nos membros do Arashi e número dois na lista de kouhais preferidos de Junichi Okada, que adora recusar convite do Toma pra ir jantar) iria interpretar uma mulher transgênero no filme "Karera ga Honki de Amu Toki wa", dirigido por Naoko Okikami, minha timeline lotou de gente doida pra saber o resultado. Bem, existe uma grande diferença entre interpretar uma mulher como disfarce pra enganar a máfia (assistam o filme "Mogura no Uta ~ Hong Kong Kyousoukyou" com o mesmo Ikuta) e uma mulher transgênero em um drama (literalmente falando).



Pelo que eu andei acompanhando (mais ou menos, por causa do meu horário maluco que tenho), muita gente acharia melhor que Rinko fosse interpretada por uma transgênero de verdade, mas como isso seria um tanto difícil...

Uma semana antes da estréia oficial no Japão (o filme estreiou no dia 25 de fevereiro), o filme foi exibido no 67o. Festival Internacional de Berlim, e ganhou o prêmio especial de juri no Teddy Award (categoria destinado para filmes LGBT). O filme havia sido indicado em duas categorias.

Sobre o filme: ninguém espere coisas explícitas e tal (até o beijo que Makio dá em Rinko é o mais tenro e natural possível), porque o filme aborda muitos temas tidos como abandono, preconceito, aceitação, bullying, etc. Até acho que em um certo ponto, a gente acaba esquecendo que Rinko é transgênero e se envolve na história em si, que é Tomo querer ter uma mãe como a Rinko, que dá de comer, vestir, se preocupar com as tarefas escolares, quando fica doente, até mesmo levar alguns sermões de vez em quando.


Mas Rinko também seus problemas (mas procura não se abater com isso), como ser aceita pela sociedade como ela é. Apesar que em seu trabalho Rinko seja tratada com naturalidade (ela trabalha como helper em uma casa de repouso para idosos), no cotidiano ela percebe que nem todos aceitam como ela é, mas segue sua vida com Makio. E com Tomo. E tentam viver em paz, mesmo com os amigos de Tomo a julgando, o preconceito diante da mãe de um dos colegas da menina, e até visita da assistente social para averiguação. Para canalizar sua raiva e frustração, Rinko tricota. E aos poucos ensina Tomo e depois Makio para fazerem o mesmo, e acaba por envolverem em seu projeto particular - tricotar 109 peças em formato fálico, que depois num ritual, sacrifica-os, acreditando que assim livra-se de sua antiga identidade masculina.



O filme foca mais no lado humano das pessoas, independente do que elas sejam ou foram.

Os personagens:



- Tomo (Rinka Kakihara): Menina de onze anos que mora em um apartamento com sua mãe. Cansada de ser negligenciada, e vendo que sua mãe desapareceu, resolve ir morar com seu tio, Makio. Na escola, tem pouquíssimos amigos, exceto Kai.

- Makio (Kenta Kiritani): Tio de Tomo, irmão de Hiromi (mãe de Tomo). Trabalha em uma livraria e mora com Rinko.

- Rinko (Toma Ikuta): Companheira de Makio. Trabalha como assistente social em uma casa de repouso para idosos.

- Hiromi (Mimura): Mãe de Tomo e irmã de Makio. Até então vivia negligenciando a filha e os afazeres da casa.

- Naomi (Eiko Koike): Mãe (daquelas conservadoras) de Kai, amigo de Tomo.

- Yuka (Mugi Kadowaki): Trabalha junto com Rinko.

- Yoshio (Shuuji Kawashibara): Esposo de Fumiko, mãe de Rinko.

- Kai (Kaito Komie): Colega de Tomo.

- Sayuri (Lily): Mãe de Makio e Hiromi. Sofre de demência e está internada na casa de repouso onde Rinko trabalha.

- Fumiko (Misako Tanaka): Mãe de Rinko, que aceitou e apoiou a decisão de seu filho.

- Kanai (Noriko Eguchi): Funcionária do Bem-Estar Social que foi averiguar a situação de Tomo morando com Makio e Rinko.

- Saito (Tooru Shinagawa): Um dos pacientes da casa de repouso.

Trivia:

- Toma Ikuta é um dos pouquíssimos membros da agência Johnny's Entertrainment que se dedica exclusivamente à atuação (a maioria mais canta e dança, e atuam quando necessário), muito embora no início de carreira chegou a fazer parte de uma unit, o M.A.I.N., formado por ele, Jun Matsumoto, Masaki Aiba e Kazunari Ninomiya. Ficaram conhecidos por terem feito a versão teatral do filme "Stand By Me" (o resto da história, todo mundo sabe). Mas somente Ikuta continuou atuando, tanto na TV, como no cinema e teatro (a lista é longa, procurem no Wikipedia que é mais fácil). Para quem não sabe, Toma tem um irmão mais novo, Ryusei, que é newscaster no programa matutino Mezamashi TV.

- Kenta Kiritani ficou conhecido em atuações em filmes como  "Crows Zero" e "BECK" e doramas como "Rookies", "Jin", "Ryomaden", "MOZU" e "Cain and Abel". Recentemente, faz a série de comerciais para a operadora de telefonia móvel au-KDDI, como Taro Urashima (personagem do folclore japonês). O sucesso foi tanto que, em 2015, a empresa solicitou ao compositor Masaru Shimabukuro (do trio BEGIN) compôr uma música para o comercial - "Umi no Uta". O próprio Kiritani toca shamisen no PV da música. Em novembro de 2017, protagonizará com Masaki Suda, a versão cinematográfica do best seller de Naoki Matayoshi - "Hibana".



- Mugi Kadowaki está atuando recentemente no dorama "Reverse" (com Tatsuya Fujiwara e Erika Toda). No cinema, em 2017 estará em dois filmes - "Kodomo Tsukai", com Hideaki Takizawa e Daiki Arioka; e "Naniwa Zakkaten no Kiseki", com Toshiaki Nishida e Ryosuke Yamada.

- Este filme foi o último em que a atriz e cantora Lily (nome verdadeiro: Saeko Kamata) atuou. Após o término das filmagens (em meados de maio/junho de 2016), resolveu dar uma pausa em todas as suas atividades para tratamento de câncer de pulmão (que foi diagnosticado um ano antes, mas a vitimou em 11 de novembro de 2016). Lily era mais conhecida como cantora (apresentava-se muito em live houses) e desde 1999 (ano que retornou à vida artística depois de 17 anos afastada, desde que teve seu filho, JUON, hoje membro da banda FUZZY CONTROL e esposo da cantora Miwa Yoshida) era parceira musical com Yoji Saito. Como atriz, ela atuou na sexta temporada de "3Nen B-Gumi Kimpachi Sensei", "Tokyo Tower - Okan to Boku to, tokidoki Oton", "First Class" (a primeira temporada), "Kyomei Byoto 24 jikan" (na quarta temporada), "Hanzawa Naoki", entre outros.


- Fuuto Takahashi (que interpreta Rinko na época que era ainda Rintaro, no ginasial) foi membro do grupo EBiDAN e MAGIC BOYZ (saiu de ambos em 2016). Sua primeira aparição na mídia foi em 2009, no music video "Tanabata Matsuri" da dupla Tegomass. Participou em dois capítulos no dorama "Kindaichi Shonen no Jikenbo N(eo)". Atualmente Takahashi é modelo na revista nicola.

- A diretora Naoko Ogigami especializou-se em cinema na University of Southern California (EUA) e morou seis anos nos Estados Unidos, trabalhando na área, como produtora e auxiliar. Já havia ganho anteriormente dois prêmios no mesmo Festival Internacional de Berlim (os filmes "Yoshino's Barber Shop" e "Glasses"). Seu estilo de direção possui um apelo natural de calor humano, choque cultural e como se desenvolver perante esse desafio.  E' a terceira vez que ganha um prêmio no mesmo festival alemão, com "Karera ga Honki de Amu toki wa" (que em inglês recebeu o nome de "Close-Knit". A empresa que ajudou a fundar para produzir seus filmes chama-se Suurkiitos, que em finlandês significa "Muito Obrigado" (o filme "Kamome Shokudo", de 2006, foi filmado em Helsinque, Finlândia).



- No trailer distribuído nos cinemas, a música foi "True Colors", da cantora Cyndi Lauper (que participa ativamente nos eventos LGBT), mas interpretada pelo grupo The Gospellers.

- A empresa Hamanaka (que foi patrocinadora do filme) criou um poster inteiramente feito de tricô e crochê com uma das cenas do filme - Rinko, Tomo e Makio sentados no banco do ponto de ônibus, tricotando.



Karera ga Honki de Amu toki wa (彼らが本気で編むときは, 2017). Direção: Naoko Ogigami. Com Toma Ikuta, Kenta Kiritani, Rinka Kakihara, Mimura, Eiko Koike, Mugi Kadowaki, Shuuji Kawashibara, Kaito Komie, Lily, Misako Tanaka, Noriko Eguchi, Tooru Shinagawa, Fuuto Takahashi. Música: Naoko Eto. Image Song: The Gospellers. 

Fontes: site oficial do filme, model press, natalie.mu, wikipedia japan, google japan.

Fotos: site oficial, model press, ameblog.











Comments

  1. Hoe, Kiyomi-chan! Tudo bem? :)

    Muito obrigada por este post! Com certeza, estou ainda mais ansiosa por este filme do Toma! ♥

    Quanto a ter uma atriz transexual para o papel, eu entendo o ponto de vista de quem assim opinou, mas também considero que o Japão ainda está engatinhando a passos vagarosos para tratar transexualidade de tópico meramente cômico para tópico social. Não sei se você concorda comigo, mas acho que, considerando esta condição em particular, escalar o Toma foi necessário para causar o choque no público, dar credibilidade ao assunto e a visibilidade que o filme merecia...

    Beijos, flor~

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  2. Oha, Karupin!!! Pra falar a verdade, eu demorei pra postar - assisti o filme em março e na altura do campeonato, logo sai em DVD. Seria otimo esse filme ser lançado no mundo todo, já que foi premiado em Berlim (e conta pontos, nesse caso).

    Sobre a escolha de um ator ao invés de uma transexual: muitas críticas que andei lendo, sugeriram mesmo, mas sabe como são as transexuais no quesito arte: a maioria é levado no cômico e muito raramente para o lado sério. Teve um debate sobre isso no programa "NEWS na Futari", com o Koyama e Shige e teve o Toma como convidado. Preciso achar esse video (foram duas partes - dia 24 de fevereiro e dia 3 de março).

    Aqui esse assunto ainda está sendo abordado de forma bem devagar mesmo, e são raros os programas que abordam o tema seriamente (acho que só o programa do KoyaShige mesmo). Bem como você disse: que a escolha do Toma para viver a Rinko foi mesmo necessário para o público prestar atenção.

    E não pensem que tem sacanagem (no sentido perv da coisa) - muito pelo contrário: o filme é às vezes angustiante, triste, divertido e tenro. E vá com lencinhos na bolsa, porque do meio pro final fica difícil evitar os ninjas cortadores de cebola em seus olhos.

    Torcendo para que o filme dê as caras aí (nem que seja em festival ou mostra de cinema).

    Beijao! <33

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